Psicóloga Maria Alice Salles | ENTREVISTAS INICIAIS EM PSICOTERAPIA
348666
post-template-default,single,single-post,postid-348666,single-format-standard,eltd-cpt-1.0,ajax_fade,page_not_loaded,,moose-ver-1.1, vertical_menu_with_scroll,smooth_scroll,fade_push_text_right,blog_installed,wpb-js-composer js-comp-ver-4.11.2,vc_responsive

ENTREVISTAS INICIAIS EM PSICOTERAPIA

Entrevistas Iniciais

  • A primeira entrevista tem, em geral, o objetivo de estabelecer uma interação entre o terapeuta e o paciente.
  • As entrevistas inicias representam um processo de avaliação.
  • O empenho do terapeuta e a impressão que causará são decisivas na continuidade ou abandono do tratamento.
  • O psicoterapeuta deverá ser cordial, demonstrando calor humano, simpatia, interesse e autenticidade, num ambiente que garanta privacidade sem interrupção. Deverá ser ativo auxiliando o paciente a iniciar seu relato e quando a entrevista estiver próxima ao término fazer um pequeno resumo do que escutou.
  • “Atitude de escuta, porém, não implica mutismo, tão pouco distância ou frieza. Deve-se agir com cordialidade, descrição e sensibilidade, pois certamente quem nos procura traz seu sofrimento e vem em busca de ajuda. Pode-se, pois, iniciar o encontro solicitando os dados de identificação do entrevistado e esclarecendo o quanto durará a entrevista e a possibilidade de que não seja a única. A seguir, ele é convidado a falar sobre as razões de sua vinda e solicitado a contar tudo o que puder a fim de formamos uma ideia do que o aflige.” (Keidann, C. E. e Dal Zot, J.S.2005)
  • A alternativa é de criar, na sessão, um par pela primeira vez, um nome e um sentido a algo desconhecido, que nunca foi pensado antes, não podemos saber o que é enquanto não tiver sido, corrobora com o modelo de Bion (1962/1970) de construir na sessão e de ser “sem memória e sem desejo”. Ver quais transformações poderá ter essa “história”, no “dialeto” em que o paciente propõe, de acordo com a interação das mentes do paciente e analista no campo que eles mesmo criam, campo, entendido como lugar-espaço promotor, ativador de histórias possíveis, a partir dos ingredientes emocionais que o paciente traz. (Ferro, A.,1998)    
  • Finalidade de marcar um “clima de trabalho”, deve ocorrer de forma livre e espontânea, ao mesmo tempo ser diretivo para objetivar e definir o contrato e o projeto analítico/psicoterápico.
  • Entrevistas de avaliação, antecede o contrato.
  • Que problema fez o paciente buscar ajuda neste momento?
  • Necessidade mínima de o terapeuta conferir se a sua teoria de tratamento e de cura coincide com a do paciente.
  • O vínculo analítico já inicia desde o primeiro contato, na marcação da consulta.

 

O que avaliar ?

  • Conflito atual
  • Adaptação, força do ego e relações objetais
  • Estudo do Exame Mental e presença de sintomas
  • Forma de Comunicação (verbal e não verbal)
  • Ciclo vital (sofrimento, ansiedade, apoio externo)
  • Mecanismos de defesa
  • Realidade exterior
  • História familiar
  • Grau de motivação
  • Mundo interno
  • Aliança terapêutica (objetivo de criar uma relação de trabalho)

 

Funções do Ego

  • Atenção
  • Sensopercepção
  • Memória
  • Orientação
  • Consciência
  • Pensamento
  • Linguagem
  • Inteligência
  • Afeto
  • Conduta

 

Transferência

  • Transferência. “um processo pelo qual o paciente, inconscientemente, desloca para outros indivíduos de sua vida presente aqueles padrões de comportamento e reações emocionais que se originam com as figuras importantes de sua infância”.
  • Através da transferência -contratransferência que o indivíduo revela sua estrutura mental e modo de se relacionar com os outros. Que muitas das ações e reações estão ligadas a experiencias passadas que tendem se repetir no presente, tornando a percepção da realidade atual um misto de presente e passado.
  • O desejo de afeição, respeito e gratificação de dependências é a forma de transferência mais encontrada’

 

Entrevistas iniciais com crianças e adolescentes

  • Anamnese com os pais ou responsáveis.
    • Anamnese é uma recuperação da memória, o processamento de informações preestabelecidas que são informadas pelo paciente, um resumo de todo um histórico de seu processo saúde-doença. Não é uma história qualquer, a anamnese, juntamente com a entrevista, precisa ter um foco para a investigação ser bem sucedida e as informações adquiridas serem bem aproveitadas. Dependendo da área em que o psicólogo trabalhe, alguns aspectos de anamnese são mais importantes que outros, cabe ao psicólogo ter uma negligência seletiva para separar o que é fundamental do que pode ser negligenciado em sua investigação.
  • Precisamos contar com o apoio dos responsáveis. Quanto mais disfuncional for a família mais difícil será o apoio, mas nosso papel é tentar.
  • Crianças- Hora de Jogo / Entrevista lúdica
  • O objetivo da hora do jogo é examinar a vida intrapsíquica da criança, em seus componentes como desejos, medos, afetos, defesas, conflitos, pensamento, criatividade…
  • A criança projeta seus aspectos internos num tipo especial de comunicação, mais próximo do processo primário no brincar, no conteúdo do jogo e a maneira como usa os materiais e brinquedos.
  • ABUSO SEXUAL – Quando há suspeita de abuso sexual contra crianças e adolescentes, todos tem o dever de comunicar o fato ás autoridades policiais que, por sua vez, se encarregarão de investigar o caso. Ao mesmo tempo em que denuncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes são cada vez mais frequentes, implicando em medidas protetivas urgentes para as vítimas e punições para os perpetrados, também são crescentes os casos de falsas denúncias.  (Schaefer, 2012)

 

Entrevistas Iniciais com Idosos

  • História da doença atual/ Episódio atual
  • Sintomas (início, frequência, duração, intensidade e prejuízos)
  • História médica pregressa
  • História familiar de transtorno psiquiátrico
  • Exame físico
  • Exame do estado mental (depressão, delirium e demências)
  • O quadro clínico das doenças psiquiátricas no idoso pode apresentar diferenças importantes em relação a pacientes mais jovens que nem sempre são conhecidas pelo profissional responsável.
  • Sintomas psiquiátricos/psicológicos podem coexistir com sintomas provocados por patologias clínicas.
  • Pode ser necessário participação de familiares/ cuidadores como apoio.
  • Investigação cognitiva (presença de acompanhante)

 

Organização do Caráter

  • As entrevistas iniciais mostram também a organização do caráter:
  • Organização Neurótica: autoimagem integrada, mecanismos de defesa maduros, teste de realidade preservados
  • Organização Borderline: falta da capacidade de empatia, relações interpessoais caóticas, ausência de controle dos impulsos e de tolerância à frustação
  • Organização psicótica: o exame da realidade esta gravemente comprometido

 

Objetivos

  • Elaborar história clínica
  • Hipótese diagnóstica
  • Indicação de tratamento
  • Contrato terapêutico

 

Indicações de Tratamento e Contrato

  • O motivo da busca de atendimento/fator desencadeante nos apresenta uma ideia da orientação que devemos seguir.
  • As entrevistas iniciais direcionam qual tratamento mais apropriado: psicoterapia individual ou de vínculos, avaliação psiquiátrica, internação, avaliação médica: pediatra, clínico, neurologista e ou acompanhamento nutricional, acompanhamento psicopedagógico, terapia ocupacional, psicodiagnóstico…
  • Contrato– combinações básicas que referenciarão a longa jornada da análise/psicoterapia.

 

Recomendações

Freud refere:

  • “…todos aqueles que desejam efetuar análises (psicoterapia) em outras pessoas terão primeiramente de serem analisados por alguém com conhecimento técnico. Todo aquele que tome o trabalho a sério deve escolher este curso (psicologia/psiquiatria), que oferece mais de uma vantagem; o sacrifício que implica revelar-se a outra pessoa, sem ser levado a isso pela doença, é amplamente recompensado. Não apenas no objetivo de aprender a saber o que se acha oculto na própria mente e muito mais rapidamente atingido, e com menos dispêndio de afeto, mas obter-se- ão, em relação a si próprio, impressões e convicções que em vão seriam buscadas no estudo de livros e na assistência a palestras”.
  • “Para ser um bom psicoterapeuta, é útil que a gente possua alguns traços de caráter ou de personalidade que, dito aqui entre nós, dificilmente podem ser adquiridos no decorrer da formação: melhor mesmo que eles estejam com você desde o começo”.
  • “…é indispensável que um psicoterapeuta tenha instrumento diagnóstico para não confundir, se possível, uma amnésia histérica com o começo de uma arteriosclerose ou de um Alzheimer e para se lembrar que uma depressão  pode ser o efeito de uma insuficiência do hormônio da tireoide.  Na suspeita, é bom encaminhar o paciente para um check-up neurológico, vascular e endocrinológico”. (Calligaris, 2004,p.3 e p.61)

 

Referências

  • Calligaris, C. Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas aspirantes e curiosos. 4ª edição. Alegro. 2004.
  • Cordioli, Psicoterapia Abordagens Atuais, 2 edição – Artmed 1989.
  • Cunha, J. A. e colaboradores. Psicodiagnóstico-R. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
  • Eizirik, C. L; Aguiar R. W., Schestatsky, S. S. e colaboradores. Psicoterapia de Orientação Analítica. Fundamentos Teóricos e Clínicos. Artmed, 2005. Porto Alegre.(Cap. 14 Avaliação (Keidann, C. E. e Dal Zot, J. S.)
  • Ferro, A. Na Sala de Análise: emoções, relatos, transformações. Ed. Imago, 1998. Rio de Janeiro.
  • Francischelli, L. Amanhã, Psicanálise! O trabalho de colocar o tratamento no paciente. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2007.
  • Freud, S. Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise vol. XXII, pg. 149. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1969.
  • Freud, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. Imago Editora. 1969. Volume 12.
  • Gabbard, G. Psicoterapia Psicodinâmica de longo prazo. Porto Alegre, 2005.
  • Macedo, M. e Carrasco, L. (organizadoras). (Con)textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
  • Mackinnon e Michels. A Entrevista Psiquiátrica na clínica diária. Artes médicas. Porto Alegre, 1990.
  • Rocha, F. J. B. Entrevistas preliminares em Psicanálise. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2011.
  • Zimermann, D. Fundamentos Psicanalíticos. (Cap. 25 Entrevista Inicial: Indicações e contraindicações. O contrato).
  • Zimmermann, Estudos de Psicoterapia- FUMM 1995


× Como posso te ajudar?